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‘Hora do Brasil’
created Jan 26th 2015, 11:46 by srenatha
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Ao sintonizar qualquer rádio brasileira por volta das 19h, não tem erro: ouve-se aquela conhecida abertura instrumental que já condicionou grande parte dos ouvintes a perceber que começou a ‘Hora do Brasil’ – programa radiofônico realizado pelo governo federal desde 1935. O que muita gente não sabe é que essa música – entendida por tantos como o momento de desligar o rádio – é a abertura da ópera cantada em italiano. O Guarani, uma das mais famosas do final do século 19. Seu compositor, o brasileiro Antônio Carlos Gomes, era um dos mais populares da sua época. Com o crescimento do movimento modernista e seu auge na Semana de Arte Moderna de 1922, entretanto, Carlos Gomes e suas composições começaram a ser alvo de críticas de cunho nacionalista. Para entender melhor esse momento histórico e analisar a relação dos críticos modernistas com a obra de Carlos Gomes, o maestro e musicólogo Lutero Rodrigues, do Instituto de Artes da Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus da Barra Funda, analisou publicações da época sobre o compositor em sua tese de doutorado. “Sempre fui intrigado com posicionamentos taxativos”, conta o pesquisador. “Quando me deparei com a questão dos modernistas em relação a Carlos Gomes e estudei mais profundamente sua música, achei injusto.” Segundo Lutero Rodrigues, os críticos mais ferrenhos de Carlos Gomes não eram músicos nem estudiosos no assunto, mas membros da esfera literária brasileira: Oswald e Menotti Del Picchia. De acordo coam a bandeira que levantavam – a do Modernismo -, era necessária uma ruptura estética com os preceitos artísticos do passado e o desenvolvimento de uma arte nova e livre, que valorizasse de fato a cultura nacional. Por ter vivido na Itália durante boa parte da vida, Carlos Gomes tinha uma influência européia bastante arraigada.
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